segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

deixas-me no silêncio.

escrevo-te um poema,
[e um poema é um meio segredo]
ideia persistente
pendurada entre a coragem e o receio.

agarro o sol,
que se pôs do lado esquerdo de mim,
e ilumino a promiscuidade dos versos
[a luz no sítio certo].

olho-te.
a tua nudez caminha na ladeira fria,
em redor tudo é silêncio…

o teu sorriso!!!



 

terça-feira, 18 de outubro de 2022



de rosto amordaçado,
grito para o horizonte a poesia prostrada

tantas palavras…

há escuridão nos olhos vendados
e um beijo arredio
atravessa os lábios…

inspiro a neblina
e espero o sol a pôr-se no amanhã.




quarta-feira, 5 de outubro de 2022



há um caminho
feito de palavras grandes
e secretas.

um caminho
que é chão de versos simples
e sentires complexos

bebo o querer-te
como se ele fosse a fonte da vida…

depois sento-me na borda do poema
e espero que o teu olhar
veja os teus lábios a sorrir-me.



domingo, 25 de setembro de 2022

 

espreito a noite.

desenho riscos nas ruas da cidade
procurando afastar a dor que escondo
no olhar que vagueia pela neblina…

de mãos nuas
procuro a manhã,
a pele,
o teu corpo,
o sentimento…

e no silêncio que é este respirar-te
sopro-te a palavra
que mostra o amor sem freio
e o amanhã um outro dia.




terça-feira, 13 de setembro de 2022

 

a noite atravessa o medo.

escuto o som da chuva
na cama
como se a noite fosse prioridade absoluta…

olho os poemas em redor
e devagar adormeço
perdido nos caminhos da solidão…




domingo, 4 de setembro de 2022

o meu choro
perde-se na dor dos olhares esquecidos
e nos abraços sem contacto
dados nas madrugadas escuras.

olho a noite.

percorro os caminhos
na procura do teu nome
e das palavras perdidas…

escrevo silêncios.

de mãos vazias recolho a minha ausência
e escondo medos
como se o amanhã fosse um outro dia.


 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

hoje penso nos poemas escondidos
nas madrugadas...
palavras que se perdem
no silêncio imenso
que guarda os amantes 
de mão dada

escrevo o teu retrato
nos dias que passam ausentes.



terça-feira, 16 de agosto de 2022

 depois de alguma ausência, o regresso



as manhãs não começam sozinhas,
há brumas suaves que correm
na aurora.

a noite despe-se
em noites
de uma só noite…

no reino do amanhã
calo-me…
regresso ao teu olhar,
escrevo a tua voz
e o corpo unge um papel velho
bordado a folhas húmidas
arrancadas pelo vento cínico.

cai a hora
e eu desenho palavras
para preencher a folha


quinta-feira, 28 de julho de 2022

 

poucas palavras me restam
quando os pássaros são somente imagens.

olho as sombras
perdidas na quietude do frio

e nas frases soltas
que se repetem
escrevo diálogos que escondem o sono
no silêncio dos meus medos



domingo, 24 de julho de 2022



nos dias que de dias são apenas imagens

fala-me das cores que anoitecem
dentro das ruas que atravessam a cidade…

fala-me dos arrepios de luz e das madrugadas
que trazem a tua ausência… 

amanheço nas palavras que despi do teu corpo
e entrego-me a um tempo por concluir.








quarta-feira, 6 de julho de 2022



esperas-me.

toco-te na chegada…

as minhas mãos pousam-te
o olhar quebra o silêncio
e há pureza na nudez.

a noite escreve linhas na
sombra
e é outro dia
ao virar da esquina.

quero-te.



terça-feira, 5 de julho de 2022



arrumo as palavras
e deixo ficar o silêncio
hoje.

amanhã
escondo-me no sussurro do vento
e escrevo o teu poema
nas cores do arco-íris



quarta-feira, 29 de junho de 2022

 

desperto no sonho
e escrevo
o poema solitário
feito no fio da navalha
e no sabor do cianeto...

desço a arriba
e o mar traz-me a maresia
das cores



domingo, 26 de junho de 2022

troco carícias
na aguarela viva
com que pinto cada tela…

com as mãos em labirinto
perfeito
desenho pássaros voando
na noite que fecho no sótão.

ao longe,
e num quase repente
há um beijo
que caminha de mãos dadas
com o olhar …




sexta-feira, 24 de junho de 2022

 

lambo as feridas,
as dores,
as cinzas...

procuro as palavras,
a pele,
o rosto,
as mãos ansiosas
contra o corpo...

a mágoa existe
e navega nos mares do silêncio



terça-feira, 21 de junho de 2022

 

tenho nas mãos os dedos
com que te toco,
na boca os lábios
com que te beijo,
no rosto os olhos
com que te descubro…

sonho
e leio o poema
feito na solidão



domingo, 19 de junho de 2022


Cumprem-se manhãs de horários invisíveis.

Atravesso a cidade para conseguir ver-te. Mas o trânsito impede-me de chegar a tempo.
Então, mais do que borboletas no estômago, quando te penso, um vazio que se abre geométrico na minha alma em desenho disfarçando as letras.



sábado, 18 de junho de 2022



sopro fios de orvalho
na madrugada 
que se arrastam na tristeza.

e
em silêncio
aconchego o corpo,
o olhar vazio
e a memória de
tantos amanheceres.

o vento traz o suspiro
dito nas horas de ausência
e o beijo evitado
quando a fraqueza era horizonte.

quedo-me aqui
e olho o amanhã


sexta-feira, 17 de junho de 2022


e sentada no inabitável de todas as cores, rodeada de verbos que se demoram nos dedos, deixou que uma lágrima secasse, impedindo-a de lhe tocar a perna nua, impedindo-a de lhe salgar a pele. como se fosse altar. tão sua. tão só.



quinta-feira, 16 de junho de 2022

 

em cada mão trago vocábulos
de chegada
e de partida…

do teu olhar sobram
caminhos escolhidos
e dos teus lábios somente
palavras por dizer.

é noite
e eu lanço poemas no silêncio




quarta-feira, 15 de junho de 2022

terça-feira, 14 de junho de 2022



afastas-te
e eu caminho
para dentro de mim mesmo.

sozinho,
sem regresso,
percorro
o meu destino.

sinto-te ainda.
muito.
sonho-te.
toco-te.
um abraço.
um beijo...

olho para ti
e vejo-te distante.



foto de Gosia Janik

domingo, 12 de junho de 2022



acordo dentro da saudade
e percorro o silêncio.

o teu olhar
é o do tempo que parou
e de nada mais...


sábado, 11 de junho de 2022


nas palavras
escritas na madrugada
respondo-te
sim.
 
há o aqui, o agora
e também amanhã



sábado, 4 de junho de 2022

a tarde finda.
as luzes da cidade não brilham
e o inverno cai dentro das casas.
a melancolia cheira a café
e chocolate quente…

com mão trémula
celebro o movimento do vento,
das coisas…

e no coração da noite
acendo o poema
na paisagem da tua pele



quinta-feira, 2 de junho de 2022



roubo poemas à brisa dos dias
e assim ocupo a noite.

são estes poemas que envolvem
o corpo
e afastam a ausência…

mas ensandecem a pele.

foto de Anna Forsterling

sexta-feira, 27 de maio de 2022

 

acordo em ti
inundado pelo nosso calor
e beijo os reflexos da lua no teu corpo

levantas os olhos mas não me olhas
vês somente o interior do vento




quarta-feira, 25 de maio de 2022

 

dança o teu desejo
nos braços que ofereço

sabe bem a proximidade da tua boca
na pele
que te procura

há vício no querer…

grito dentro de ti
e escondo as palavras
na dobra do lençol…




terça-feira, 24 de maio de 2022



o tempo cai-me no colo
e era o teu rosto…

a tua boca deu-se-me
e era a tua pele
e era eu dentro de ti...

lá fora somente anoitece




quarta-feira, 18 de maio de 2022

 

longe de mim
respiro
a tua boca ávida de nós
e lanço
gritos sobre os sonhos que dançamos
na minha memória…




afago carícias debruadas a silêncio. néctar que bebo na distância do teu corpo.
fico cativa das tuas palavras. e cativa ensaio voos. de perdição.
e entre a chuva e o sol______________ beijo de pele na pele em arco-íris de sussurros.
e sim _____________ queria ser a tua parte tocada este fim de semana.
e todos os dia amanheço com urgência da tua boca.




domingo, 15 de maio de 2022

 

agarro as tuas mãos
e deixo o vazio.

desço a nudez
em palavras espalhadas
nos lençóis de luz…

há cidades acesas no horizonte






quarta-feira, 11 de maio de 2022

 

é em ti
que bebo a sede guardada
e provo o hálito
que sabe a beijos…

espero-te
nas palavras perdidas no vento
e nas que escrevo a cada madrugada.
espero-te
nos dias que não passam
e nas horas
que carregam os dias,
as tardes,
as noites
e tantas madrugadas…

engano o silêncio
e encho as mãos de palavras
que preciso te oferecer…

tenho no corpo a falta do teu horizonte




sábado, 7 de maio de 2022

 

sento-me na margem
da noite
e olho a aguarela do teu corpo…

escrevo silêncios sem endereço
em poemas que vestem
o murmúrio da madrugada…

se eu pudesse tocar-te
amanhecia-te em lençóis de linho
com cheiro a terra molhada




sexta-feira, 6 de maio de 2022

 

abraço o teu rosto
e os dois somos um
invadindo o silêncio transparente das paisagens…

recebo o teu corpo em beijos.

bebo a nudez de ti
e prendo-te à inquietude do meu peito




melodia


timbre de voz que a mão aperta de encontro ao tempo em que os desencontros aconteciam a horas certas.

corridas desenfreadas até ao mar, onde se saltavam ondas como se mergulhássemos em estilos olímpicos de pranchas ou escarpas silenciosas
com que escuto, ainda hoje
a tua voz de coral




Foto

Hendrik Krönert


quinta-feira, 5 de maio de 2022

 

somo a ausência dos dias.
a manhã é feita de silêncio,
à tarde as sílabas colam-se à pele
e o teu beijo vive na minha boca.

persigo o por-do-sol…

e a tua mão desce pelo meu corpo.




quarta-feira, 4 de maio de 2022

 

desce a madrugada…

há luz nas esquinas,
e urgência no poema
escrito nas giestas.

espero por ti na soleira
vou contar-te histórias com o olhar




Dreaming of You




olhos rasos de mar. ensombra-se o olhar de corais esbranquiçados pela dor. melodias que o tempo faz perdurar. como pérolas em colares que ornamentam peitos vazios. de fé.




Foto: Duy-Huynh

terça-feira, 3 de maio de 2022

 

olho a lua e esqueço-me de mim.

as tuas mãos esperam-me
repletas de palavras em sentido
e o meu corpo esconde-se no vento…




segunda-feira, 2 de maio de 2022

Onze do sete




Os dias derivados de apelos nus. O tempo não existe, nesta miragem de bocejos acautelados pela palma da mão. Engulo o orgulho, o medo e o sémen agridoce. São lágrimas, afinal. O corpo sem responder ao desafio. Antes fosse tentação. Ou desvario. Antes fosse...

E a minha boca fechada pela tua, num gesto de não sei.

sábado, 30 de abril de 2022

 

dilui-se o tempo

paro na doca seca
e espreito o mar.

a lua cai
longe...
sussurro o teu nome
na manhã
e sobe-me à pele
a neblina das tuas mãos












quarta-feira, 27 de abril de 2022

 

atravesso a noite.
quero entregar-te palavras que
são só tuas…

abres os olhos
e elas libertam-se.
há sombras perdidas no meio da tarde,
instantes na boca que sabem a noite...

e há tanto de ti nas palavras que me habitam




 

Beijo de vento



Escuto os poemas que me lês do teu livro em branco, folhas alvas da natureza, repletas da pureza penetrante, que se espraia no coração galopante...

O teu beijo acaricia a ternura que dança na palidez do vento.

terça-feira, 26 de abril de 2022

 

bebi na macieza da tua boca
o poema declamado
no uivar dos nossos corpos…

por entre os dedos esvaía-se o desejo





segunda-feira, 25 de abril de 2022

Folhas caídas


Foto: Glorode

Palavras circulares despejam a quente momentos que perderam som...
...E assim te aguardo sem saber esperar.




sábado, 23 de abril de 2022

Oração


O que me resta de ti, em saudade de sopro, memória de olhar descansado no meu corpo
O que me resta de ti, nesta distância que a ausência fere de morte.
Neste vale de lágrimas gritadas ao vento norte. tirando o amor à sorte.





quinta-feira, 21 de abril de 2022

segunda-feira, 18 de abril de 2022

domingo, 17 de abril de 2022

 

pairam brumas e nevoeiros
e eu diluído nesta cidade esquecida
afasto-me tão demoradamente
que parece que permaneço…

marco as palavras com o som dos meus passos
e desenho-te num pedaço de noite
que sabe da tua ausência.

 há dias em que sou só eu dentro de mim…