quarta-feira, 30 de março de 2022

 



tomei os teus olhos nos meus…

toquei-te
caminhando suavemente
no orvalho suado do corpo

o oceano está ali.
puxo o teu corpo
e deito-o na cama

amanhã
teremos outros sítios,
outros olhares
outros toques…

apago a luz e
espero a tua mão me chegar



terça-feira, 29 de março de 2022



o meu corpo é turbado de passos…

depois da chuva
devo viver
devagar
esperando que
as coisas frágeis se adentrem…

acendo a luz.

o silêncio veste a casa.
há cadeiras imóveis
e passos que dançam
ao som das palavras que dizes baixinho

cá fora há gritos encurralados
e pássaros de pedra que fazem o ninho nas calçadas





segunda-feira, 28 de março de 2022

 

aproxima-te,
tenho versos que escrevi no vento
e que quero colar na tua pele…

aproxima-te,
deixa-me recolher
a gota de arrepio que cai do teu corpo…

onde está o madrugar das tuas mãos em mim?



quinta-feira, 24 de março de 2022

 

sinto o aconchego
da tua pele
feita corpo…

e neste contrabandear de desejos
abro a porta da noite
e penduro o silêncio
nas ombreiras pálidas
que escoram a cidade.

 o teu nome ondula
dentro da minha memória.




quarta-feira, 23 de março de 2022

 


na palma da mão
um sonho,
tu
e a fragilidade da espera…

o silêncio dança pelos cantos
em passos dispersos
e a minha boca
faz o contorno do teu nome.





segunda-feira, 21 de março de 2022



hoje, no dia mundial da poesia


gosto de escrever-te.
cada palavra é um acender-me a memória
um lembrar-me que este segredo é longínquo
talvez de ontem,
talvez de mil e tantos anos…
poucos sempre!

e felizes…

se deixares fico aí esta noite.
a próxima
e todas
as que caibam no nosso sonho.






terça-feira, 15 de março de 2022




olho-te inteira e nua…

vivo a lembrança dos lábios
feita memória do corpo
e tenho-te na pele
sem te querer despir




segunda-feira, 14 de março de 2022

 


contorno o teu rosto
enquanto me falas das madrugadas
onde te despi o corpo
e te guardei a voz
e o sorriso
para os dias de ausência…

mas hoje
fala-me das cores com que pintas as palavras
com que amanheces o palco
e as noites que não são bem noites…



quarta-feira, 9 de março de 2022

 


abre-se a noite
nua e clara…

e os silêncios?
abismos refletidos
na memória
embaçada
de um tempo.

ver-te.
tocar-te.
incendeia-se a carne fálica
e molhamo-nos na lava do desejo.



terça-feira, 8 de março de 2022

 

despe-se o poeta
das palavras talhadas
em blocos de linhas imaginárias.

o cinzel desbrava as sílabas...

é manhã,
brilham ainda luares da noite mágica.
o poema solta o orvalho
e o teu corpo de mulher
deixa em mim o cheiro a terra molhada.





domingo, 6 de março de 2022

 

seguro o teu rosto…

olho-te
os teus lábios respiram os meus lábios
e as tuas mãos atrevem-se…

os nossos corpos escutam-se
e perdem-se
na pele,
na carne ardente
no grito rouco
sufocante
prisioneiro…

espraia-se a desordem
dentro de mim,
de ti…
e o ventre
e as coxas
e os seios
e o leito…

mas tenho a tua nudez
gravada na moldura dos dias


depois de ler
"If there's any answer, maybe love can end the madness
Maybe not, oh, but we can only try.“ — Carole King






terça-feira, 1 de março de 2022


há vezes em que sinto a tua ausência
mesmo estando tu presente…

nem todos os caminhos falam de ti
mas eu espero-te
a cada amanhecer