sábado, 30 de abril de 2022

 

dilui-se o tempo

paro na doca seca
e espreito o mar.

a lua cai
longe...
sussurro o teu nome
na manhã
e sobe-me à pele
a neblina das tuas mãos












quarta-feira, 27 de abril de 2022

 

atravesso a noite.
quero entregar-te palavras que
são só tuas…

abres os olhos
e elas libertam-se.
há sombras perdidas no meio da tarde,
instantes na boca que sabem a noite...

e há tanto de ti nas palavras que me habitam




 

Beijo de vento



Escuto os poemas que me lês do teu livro em branco, folhas alvas da natureza, repletas da pureza penetrante, que se espraia no coração galopante...

O teu beijo acaricia a ternura que dança na palidez do vento.

terça-feira, 26 de abril de 2022

 

bebi na macieza da tua boca
o poema declamado
no uivar dos nossos corpos…

por entre os dedos esvaía-se o desejo





segunda-feira, 25 de abril de 2022

Folhas caídas


Foto: Glorode

Palavras circulares despejam a quente momentos que perderam som...
...E assim te aguardo sem saber esperar.




sábado, 23 de abril de 2022

Oração


O que me resta de ti, em saudade de sopro, memória de olhar descansado no meu corpo
O que me resta de ti, nesta distância que a ausência fere de morte.
Neste vale de lágrimas gritadas ao vento norte. tirando o amor à sorte.





quinta-feira, 21 de abril de 2022

segunda-feira, 18 de abril de 2022

domingo, 17 de abril de 2022

 

pairam brumas e nevoeiros
e eu diluído nesta cidade esquecida
afasto-me tão demoradamente
que parece que permaneço…

marco as palavras com o som dos meus passos
e desenho-te num pedaço de noite
que sabe da tua ausência.

 há dias em que sou só eu dentro de mim…




sábado, 16 de abril de 2022

 

desenhei o teu rosto
numa noite de audácia

abraço as tuas mãos
e acaricio os teus beijos.
recito o avesso das palavras
enquanto me demoro
no teu corpo
inteiro…

bebo-te de lábios entreabertos
e olho-te no ruído do silêncio




sexta-feira, 15 de abril de 2022



é neste mar que desabo o meu silêncio

e em respiração pausada como as ondas,
escrevo no teu olhar
a minha nudez…

sentado na soleira do tempo
escuto as tuas mãos nas minhas.

na boca ainda o gosto a saudade.





quinta-feira, 14 de abril de 2022

chega a noite.
depois a chuva.
e o silêncio…

caminho.
deixo passos na cidade.
procuro palavras sem idade
nas manchas da incerteza…

tenho um poema preso dentro da alma.








quarta-feira, 13 de abril de 2022

 

desalinho as páginas e as palavras…

abro a janela
olho as glicínias em flor.
apetece sair à rua.
caminhar.
ser encontrado…

apetecia-me o teu olhar.
beber-te o perfume
perder-me no teu sorriso
ou amarrar-te num beijo…

abraço o vento em despedida
fecho a janela
e regresso ao poema inacabado





a saudade é uma rua interminável, sem saída

terça-feira, 12 de abril de 2022



Quantas cerejas tentas equilibrar no meu corpo ondulante, que te perturba a paz geométrica,
nos dias em que as águas eram rebentadas de encontro ao meu peito, no turbilhão de palavras cerzidas a ouro?


O silêncio pesa-me nos ombros. Volto-me e uma mão segura-me…


domingo, 10 de abril de 2022

 

é nos teus lábios
que procuro as palavras
que falam dos meus caminhos…

é os teus lábios que amo
com versos simples
e poemas ditos
no silêncio das ruas invisíveis






sábado, 9 de abril de 2022

 

há um mar imenso
num grito incontido
e num gemido rouco…

e o vento
depois de um beijo sedento…

 e a pele?!

 há chuva cintilando para além do horizonte




quarta-feira, 6 de abril de 2022



O esquecimento é um lugar quieto, onde desaguam as saudades. 
Sem despedidas, doces são os olhares de luzes nocturnas ao som de mais de cem cidades onde mora a velocidade a que se vive cada dia, como se fosse o último.

terça-feira, 5 de abril de 2022

 

toco o acorde do teu nome
na neblina dos labirintos…



gosto do teu nome esquecido na minha almofada









Quantas vezes a pele se veste de pele do outro, num manjar de deuses que aguardam em fila, sabores de amores e hálitos de espanto quando sabem a música...




As tempestades têm a clarividência dos relâmpagos serem trovões de silêncio e paz duradoura.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Quando me vestia de ti


Foto: Mario Testino


Todos os dias rasgo manhãs no meu corpo.
Os lábios murmurando poemas. Os braços cruzados pela espera.
As pernas inquietas pelas memórias que são recordações.
Todos os dias rasgo manhãs no meu corpo.

A tentar esquecer a música do teu coração de encontro ao meu.

domingo, 3 de abril de 2022

 


o meu grito nu
arde no frio orvalhado da manhã
e conta o tempo que falta para a noite…

guardo os sítios do silêncio,
solto-me do medo e
aponto o caminho ao infinito…

lá longe há a luz da lua
aqui somente a tua ausência.