dilui-se o tempo
paro na doca seca
e espreito o mar.
a lua cai
longe...
sussurro o teu nome
na manhã
e sobe-me à pele
a neblina das tuas mãos
bebi na macieza da tua boca
o poema declamado
no uivar dos nossos corpos…
por entre os dedos esvaía-se o desejo
pairam brumas e nevoeiros
e eu diluído nesta cidade esquecida
afasto-me tão demoradamente
que parece que permaneço…
marco as palavras com o som dos meus
passos
e desenho-te num pedaço de noite
que sabe da tua ausência.
chega a noite.
depois a chuva.
e o silêncio…
caminho.
deixo passos na cidade.
procuro palavras sem idade
nas manchas da incerteza…
tenho um poema preso dentro da alma.