sábado, 7 de outubro de 2023

 




E foi boca de lâminas cegas que fecharam a noite nu(m) corpo desconhecido.

Olhares ambarinos em velas que ardem até ao fim.

Saliva cristalizada no vómito contido. De saudade.

E no peito rituais de passos perdidos.

A incerteza do grito.

A cigarrilha amolecida, som almiscarado, cor do perfume.

Um apontamento a tinta permanente. O esgar que queria sorriso.

Então o uísque a circular nas veias, como água.


Neste lugar a omnipresença.

De ti.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023



se fosse um pássaro
voava,
voava,
voava…

levava comigo as
lágrimas
dentro do coração-destroço

e na terra deixava o verbo,
pendurado no olhar dos poetas...




sábado, 30 de setembro de 2023

 

gosto de viver em estado poético. 
sempre que caminhas a meu lado
as avenidas têm jardins verdes
e as árvores
oferecem sombra…

tantas palavras que me afloram aos
lábios
e não sei falar de amor

ou sei…

fico suspenso do teu olhar
e das palavras perdidas
dentro da madrugada

há dias que hibernam no meu corpo



terça-feira, 5 de setembro de 2023

 

ainda é verão
e eu não sei falar dos amores dele,
talvez porque são iguais aos da primavera, do outono,
do inverno…
e de todos os dias

será que são, ou será que não quero falar deles?

deixo em segredo os desejos que hibernaram no meu corpo
e que ocupa[ra]m o meu pensamento. 
eu e tu…
segredos.
passeios de mãos…

gosto de sentir coisas dentro do peito
e gosto das palavras que te fogem da boca

demora-te.
gosto de te ver nos meus sonhos.

nunca saberei despedir-me de ti…




segunda-feira, 4 de setembro de 2023

 



Foto Erik Hosoe


Na quietude do jardim a noite revela um perfume estéril de saudades.

Flores murchas que sussurram segredos de verão. De nostalgia.

Sob o luar intenso, os sonhos vagueiam, perdidos na nostalgia de um amor que persiste. E assim, na solidão das horas mortas, a vida é melodia colorida, entre as pétalas caídas. Que eu te ofereço com um sorriso nas mãos.


domingo, 18 de junho de 2023

 

é noite…
lá fora a melancolia atravessa as ruas
cá dentro ausculto os sonhos,
escrevo versos impossíveis,
escondo as lágrimas
e grito silêncios.

tarda o crepitar da manhã
e o corpo nu que sai da escuridão
e da ilusão

chega o dia
e a valsa negra
de encontros
desencontros…

vou chegar tarde.
chegamos sempre tarde…






segunda-feira, 29 de maio de 2023

 

sentado na areia
recebo no rosto o carpir das ondas
entrelaçadas

olho o horizonte
e anoiteço quando o sol nasce…

gosto das alvoradas.

há um pequeno frio
a salpicar-me a alma…